[lab] Tecnopolíticas de Retomada: práticas de imaginar & fazer mundos

Encontro com ativistas e pesquisadores convidados

Novembro de 2024

Convocatória

Habitamos um mundo atravessado por diversas crises. Há muito se fala em crise ambiental-climática; crise das formas democráticas; crise dos regimes de verdade; ascenso do autoritarismo e do fascismo; crescente militarização e erosão das formas coletivas de vida.

A novidade talvez resida numa sensação compartilhada de esgotamento das formas de ação política que temos praticado. Estamos numa espécie de interregno onde ainda é dificil decretar a morte do instituído, perceber suas metamorfoses ou ainda detectar a emergência das trilhas que apontem para rotas de bifurcação societal.

O horizonte da governança global, a regulação dos instrumentos de mercado e das grandes corporações, a luta por direitos reduzida à cidadania disciplinada pela participação subordinada, tornaram-se o ambiente de captura e governo da nossa potência de agir, bloqueando nossa imaginação e experimentação.

No âmbito do tecnoativismo e da tecnopolítica queremos elaborar coletivamente melhores perguntas sobre os desafios que temos esfrentando, fazer descrições mais detalhadas de nossas encruzilhas, aberturas e bloqueios. Como podemos cartografar coletivamente as experimentações em curso e como potencializar o que já reconhecemos como fontes de inspiração para ampliar nossa imaginação e repertórios de práticas? Como tecer novas alianças que ampliem nossa capacidade coletiva de agir?

Partimos de uma dura constatação. Vivemos uma Guerra de Mundos em diversos territórios. Assumir esse ponto de partida nos obriga a conhecer o funcionamento dos poderes de fato e nos implica no necessário movimento de desmontá-los e atacá-los, ao mesmo tempo em que investimos nossa energia na criação das formas de vida (e suas tecnologias) de desejamos proliferar.

Sentimos também que neste momento parece haver uma nova sensibilidade emergente, relativa tanto à saturação da vida tecnomediada, como à percepção da crise climática e o desejo de voltar a estar e pensar junto de outros corpos. Após décadas de crescente digitalização e desterritorializações, e uma vez que o digital tornou-se uma mediação ubíqua em nossa existência, perguntamo-nos sobre o que poderiam ser outros modos de composição sociotécnica, outras cosmotécnicas do digital? Como aterrar o debate sobre soberania e autonomia tecnológica face os limites da crise climática? O que seriam efetivamente práticas contra-coloniais, anti-racistas, anti-sexistas e anti-capitalistas? Como os modos de subjetivação política relacionam-se aos nossos ambientes tecnológicos?